Mensagem Diária 15 09 2025
A ligação entre esses dois textos é profunda e reveladora.
Em Deuteronômio 18:18, Deus promete a Moisés levantar um profeta do meio dos irmãos de Israel, semelhante a ele, mas com uma diferença essencial: esse profeta teria as palavras do próprio Deus em sua boca e falaria exatamente o que lhe fosse ordenado. Ou seja, seria alguém humano, do povo, mas totalmente revestido da autoridade divina. Esse anúncio apontava para uma revelação futura e maior, que ultrapassaria os profetas comuns.
Já em Marcos 6:2-3, vemos o cumprimento dessa profecia em Jesus. Quando Ele ensina na sinagoga, as pessoas ficam admiradas com a sabedoria e os milagres, mas, ao mesmo tempo, escandalizam-se por causa de sua origem simples e conhecida: "não é este o carpinteiro, filho de Maria?". O contraste é forte: o povo vê apenas o homem comum, o carpinteiro de Nazaré; mas espiritualmente, diante deles está o Profeta prometido, Aquele em quem Deus pôs Suas próprias palavras.
A reflexão que surge é esta: muitas vezes, a maior revelação de Deus não se apresenta de forma extraordinária ou envolta em glória visível, mas em algo aparentemente comum e humilde. Jesus não veio como um líder político ou guerreiro, mas como o filho de uma família simples, alguém conhecido na comunidade. Isso foi motivo de escândalo para muitos, porque não conseguiam enxergar além da aparência.
Assim, esses textos nos desafiam a reconhecer que Deus cumpre Suas promessas de maneiras que nem sempre correspondem às expectativas humanas. Ele escolhe o simples para confundir o sábio, o carpinteiro para ser o Profeta prometido, e o humilde para manifestar Sua glória.
👉 A pergunta que fica para nós é: será que, como os contemporâneos de Jesus, também temos dificuldade em reconhecer a voz de Deus quando ela vem através de meios simples, cotidianos e até surpreendentes?
Esboço Teológico: O Profeta Prometido e o Escândalo da Simplicidade
1. Introdução
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Contexto de Deuteronômio: Moisés anuncia a promessa de Deus levantar um profeta semelhante a ele.
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Expectativa messiânica em Israel: aguardava-se alguém que falaria em nome de Deus com autoridade.
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Em Marcos, vemos o espanto do povo diante de Jesus, o cumprimento dessa promessa.
2. A Promessa do Profeta (Dt 18:18)
a) Origem Humana e Identificação com o Povo
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"Do meio de seus irmãos" → não um ser celestial, mas humano, enraizado em Israel.
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Semelhança com Moisés: mediador, legislador, intercessor.
b) Autoridade Divina
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"Porei as minhas palavras na sua boca" → não fala por si mesmo, mas por Deus.
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Autoridade absoluta: falará tudo o que Deus ordenar.
c) Função Profética Plena
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Cumprimento superior a qualquer outro profeta: não apenas transmite revelações fragmentadas, mas encarna a própria Palavra de Deus.
3. O Cumprimento em Jesus (Mc 6:2-3)
a) A Sabedoria e os Sinais
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O ensino surpreende: não é aprendizado humano, mas sabedoria divina.
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Os milagres confirmam a autoridade do ensino.
b) O Escândalo da Origem
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“Não é este o carpinteiro...?” → visão limitada, incapaz de perceber a dimensão espiritual.
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O problema: a familiaridade cegava os olhos para a revelação.
c) O Profeta Rejeitado
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Assim como Israel rejeitou os profetas, também rejeita o Profeta prometido.
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Cumprimento de Isaías 53:2-3: “não tinha aparência nem formosura... era desprezado”.
4. Teologia do Profeta Prometido
a) Cristo como Profeta
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Ele é a Palavra encarnada (Jo 1:14).
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Ele revela plenamente o Pai (Hb 1:1-2).
b) Cristo como Modelo de Revelação
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Sua humanidade aproxima, Sua divindade revela.
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Ele é mais que Moisés: não apenas transmite a Lei, mas cumpre e plenifica a Lei.
c) A Reação Humana à Revelação
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Escândalo do comum: muitos rejeitam o modo como Deus se revela.
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Fé é necessária para ver além da aparência.
5. Aplicações Teológicas e Práticas
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Reconhecimento da Autoridade de Cristo
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Ele não é apenas mestre humano, mas a própria Palavra de Deus.
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Desafio da Familiaridade
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O perigo de banalizar o sagrado por parecer comum.
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Chamado à Fé
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Ver em Jesus não apenas o carpinteiro, mas o Profeta e o Filho de Deus.
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Imitação do Profeta
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Somos chamados a também carregar a Palavra de Deus em nossa boca e vida.
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6. Conclusão
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A promessa de Deuteronômio encontra seu ápice em Jesus.
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A rejeição em Nazaré revela a dificuldade de reconhecer a revelação divina em formas humildes.
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O desafio do discípulo: crer, seguir e anunciar Aquele que é o Profeta, o Messias e a Palavra viva de Deus.
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